Dos imperativos político-morais da desnaturalização dos “Fluxos Migratórios” e da corporificação de quem migra andando: visualidades das caravanas na América Central

The naturalization of the State and its borders and, consequently, of migration, which has been framed as fluid and spontaneous flows, culminates in a notion of inevitability of this political imaginary objectively bordered and in the disembodiment of those who migrate. These two naturalizations forgather in the process in which the creation of infrastructures to maintain the border results, in its turn, in a regime of extreme uneven mobility. It is possible to say that migration flows, understood as such, conceal certain bodies and the ways in which a geoinfrastructure affects different bodies in uneven ways. The present article aims to adopt an embodied conceptualization of migration, focusing on the walking journey of the migrant, with the purpose of understanding how the so called “migration crisis”, perceived as a threat to state sovereignty, stems from precisely the eroticization of this political imaginary and the technologies that are (re)structured to preserve it. By looking into the walking caravans journeying from Central America to the United States, our aim is to give visibility to features of this crossing which are usually invisibilized, and bring forth more plural visualities of the migration practice.A naturalização do Estado e de suas fronteiras e, por consequência, das migrações, tratadas como fluxos fluidos, resultam em uma noção de inevitabilidade desse imaginário político objetivamente fronteirizado e na descorporificação de quem migra. Essas duas naturalizações se unem no processo em que a criação de infraestruturas aplicadas às fronteiras resulta, por sua vez, em um regime de mobilidade profundamente desigual. É possível dizer que os fluxos migratórios, ao serem compreendidos como tal, ocultam certos corpos e as formas como toda uma geoinfraestrutura os afeta não uniformemente. O presente artigo se propõe a adotar uma visão corporificada da migração, centrada nas travessias andadas migrantes, a fim de compreender como a chamada “crise migratória”, tida como ameaça à soberania estatal, advém justamente da erotização desse imaginário político e das tecnologias (re)estruturadas no sentido de mantê-lo. Observando as caravanas andadas da América Central, em via crucis para os Estados Unidos, buscaremos conferir visibilidade a aspectos ocultados dessa migração, propondo visualidades mais pluralizadas da atividade de migrar